
A indefinição por parte do governador de Pernambuco e presidente nacional do PSB, Eduardo Campos, em se posicionar como candidato ou não às eleições presidenciais de 2014, tem feito com que partidos aliados vejam a movimentação socialista com uma certa desconfiança e elevado o tom da "paquera" por partidos não alinhados com a esquerda; Como bom aprendiz do avô Miguel Arraes, Campos tem optado pelo silêncio e em ver como as peças se encaixam no tabuleiro da política; um jogo que, pelo visto, ele sabe fazer como poucos.
Paulo Emílio_PE247 - Quieto, na moita. Assim tem sido e assim deve continuar sendo a posição do governador de Pernambuco e presidente nacional do PSB, Eduardo Campos, quando o assunto diz respeito às eleições presidenciais em 2014. Esta indefinição por parte do socialista tem sido alvo de análises e especulações por parte dos partidos políticos e também de especialistas e da imprensa em geral. A última veio da colunista da Folha de São Paulo, Vera Magalhães, que em sua coluna Painel, observa que no final de novembro o PSB irá realizar um encontro nacional, em Brasília, com os prefeitos eleitos pela sigla e que na ocasião Eduardo Campos “reafirmará a Dilma Rousseff e Lula o apoio ao governo, mas sem fechar nenhum compromisso de aliança para 2014”.
A indefinição por parte do socialista se sairá candidato ou não, se apoiará a reeleição da presidente Dilma ou não, tem começado a suscitar dúvidas sobre quais os próximos passos do partido que já começam a transpor as dúvidas que até então assolavam os petistas.
Nesta linha, um dos mais respeitados filósofos de esquerda, Emir Sader, postou ontem em sua conta no Tweeter que enfrentar Dilma Rousseff era amaneira mais rápida que Eduardo Campos poderia encontrar para cometer o “suicídio político”. Além do discurso que ainda pode ser considerado dúbio, o PSB tem pela frente o PMDB, que com o resultado obtido nestas eleições municipais pretende ampliar sua participação no governo Dilma, o que poderá atrapalhar os planos da sigla socialista.
Mesmo o apoio de um dos nomes mais importantes do PMDB, o senador pernambucano Jarbas Vasconcelos, deverá alterar a disposição do PMDB em permanecer ao lado da presidente Dilma. Jarbas é um dos mais ferrenhos críticos da gestão petista e sua voz hoje ecoa quase que solitária dentro do partido.
O fator PSD é um outro ponto que o PSB deve levar em consideração. A legenda de Gilberto Kassab conquistou 497 prefeituras e já está sendo cortejada para integrar o primeiro escalão do Governo Federal. Com esta movimentação, Dilma praticamente empareda o PSB que passa a ter como uma alternativa real uma aproximação com o antigo rival PSDB.
E esta é uma possibilidade que tem levado alguns socialistas a acharem que esta alternativa pode ser a solução para que o PSB se firme como uma alternativa ao PT. A legenda tucana hoje é bem consolidada no eixo Sul e Sudeste e a partir do próximo ano irá governar 16,5 milhões de eleitores, o equivalente a 12,08% do eleitorado no país. Caso as duas legendas venham a unir forças, o potencial de votos cresce para 31,8 milhões de eleitores, ou seja, 23,23% do eleitorado.
Apesar da força em potencial e de ganhar espaços fora do Norte e Nordeste ainda assim o PSB teria dificuldades sérias pela frente. Somente o PT passou a deter 27 milhões de eleitores, quase 20% do eleitorado nacional. Deste total, somente em São Paulo, onde o petista Fernando Haddad foi eleito - com o apoio do PSB – são mais de 8,5 milhões de eleitores. O aliado PMDB vai governar outros 23,1 milhões de eleitores, 16,5% da população votante brasileira. Caso o PSD venha a entrar de cabeça no governo Dilma a situação fica anda mais complicada, uma vez que a legenda possui 6,31% do eleitorado, equivalente a cerca de 8,65 milhões de eleitores.
Nesta conta, restaria ao PSB torcer para possível fusão do DEM com o PSDB, como defendem alguns, e ainda assim esperar que a presidente Dilma Roussef tropece ao longo do mandato e que os prefeitos eleitos pela legenda consigam administrar com bons resultados as cidades onde foram eleitos e imprimir a marca da gestão socialista, e que é uma das marcas do governador Eduardo Campos, de metas e resultados. Diante deste quadro, o PSB poderia sair como uma alternativa viável ao modelo de gestão petista. Caso isto não ocorra, o jeito seria postergar para 2018 os planos de disputar o Palácio do Planalto.
Diante das pressões e do “preto no branco” da matemática eleitoral, Eduardo tem preferido optar pelo silêncio sobre seus planos para 2014. Resta saber até quando o silêncio poderá ser seu aliado sem criar maiores atritos com a esquerda e sem gerar insatisfações do outro lado.
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