Leonardo Lucena_PE247 – A seca continua a castigar e causar prejuízos no Nordeste. Enquanto que em agosto a previsão era de que as usinas pernambucanas esmagassem 17,4 milhões de toneladas de cana na safra 2012/2013, que vai de setembro a março do próximo ano, agora, esse volume é de apenas 14,5 milhões de toneladas. Além da quebra de quase 17% da safra, a estiagem também deve provocar a redução de 20 mil empregos diretos no setor sucroenergético, de acordo com o Sindicato das Indústrias do Açúcar e Álcool (Sindaçúcar-PE). Apesar da queda, o Sindaçúcar descarta o risco de desabastecimento.
Segundo a Associação dos Fornecedores de Cana de Pernambuco (AFCP), o prejuízo no setor sucroenergético já chega a cerca de R$ 700 milhões por conta da estiagem. Na próxima semana, os municípios de Camutanga, Aliança, Ferreiros, Timbaúba e São Vicente Ferrer, localizados na Zona da Mata pernambucana, entrarão na lista das cidades em situação de emergência.
“O Governo Federal precisa entender que o Nordeste não está condenado a importar alimentos e precisa de um regime de políticas de irrigação, pois tem potencial para a produção de alimentos”, afirma o presidente do Sindaçúcar, Renato Cunha. “Faltam políticas voltadas para a segurança hídrica e com planejamento, para que saiam do papel”, complementa.
De acordo com o dirigente, os efeitos da estiagem não deverão provocar crise no abastecimento de etanol na região. “O Nordeste é responsável por 12% da produção nacional. Os outros 88% vêm de outros estados”, explica. “Mesmo assim, a gasolina está mais competitiva porque tem menos impostos que o álcool”, acrescenta.
Na semana passada, a Articulação do Semiárido de Pernambuco (ASA-PE) entregou uma carta ao governador Eduardo Campos (PSB) com o objetivo de reivindicara desburocratização na concessão de créditos para minimizar os efeitos da seca. O Banco do Nordeste (BNB) dispõe de até R$ 1 bilhão proveniente do Fundo Constitucional de Financiamento do Nordeste (FNE) para repassar aos municípios nordestinos que sofrem com a estiagem. Os valores variam de R$ 2,5 mil a R$ 100 mil, com juros anuais de 3,5% para os produtores e de 1,1% para os agricultores familiares.
No caso da atividade canavieira, a liberação de crédito está dentro da normalidade, de acordo com o presidente da Associação dos Fornecedores de Cana de Pernambuco (AFCP), Alexandre Lima. Para receber os recursos do BNB, as cidades precisam ter reconhecimento de Defesa Civil, tanto estadual como nacional, por estarem em situação de emergência.
“Temos tido queda de produtividade em alguns municípios, mas com o reconhecimento da Defesa Civil estadual e nacional, eles vão receber verbas do banco”, avaliou. O dirigente informou que até o momento apenas as cidades de Carpina e Paudalho tiveram seus estados de calamidade reconhecidos.
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